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Poema


Algo pulsa dentro de mim

Mas é diferente do corriqueiro
Pulsante sempre fui enfim
Mas nunca me senti inteiro

Algo incomoda minhas entranhas
Me faz sentir dor, me dá prazer
Já não suporto mais as artimanhas
De algo que não consegue se conter

Algo insiste em mostrar que existe
Contrariando todo o hábito das existências
Sinto que meu corpo não mais resiste
E aos poucos vai livrando-se das resistências

Algo cresce dentro de mim
Expandindo-se sem ser permitido
Sinto que a explosão se aproxima
Vejo minha vida perder o sentido

Algo transborda através de meus poros
Percorre todo meu ser
Envolve-me em olhares sonoros
Mostra-me o que eu nem sonhava em querer

Algo me remexe por dentro
Desequilibra todo meu sistema
Tornando-me frágil, sem centro
Sem entender o por quê deste dilema

Algo me leva a pensar, me faz chorar
Me revolto porque perco meu tempo
Sinto que não vejo a vida passar
Não suporto mais viver este momento

Algo me faz visitar meus infernos
E neste cenário encontro uma flor
Ela aquece este tenebroso inverno
E me ensina que há algo a transpor

Algo me faz retomar meu caminho
Me acalenta com sua doce brisa
Recordo-me que nunca estive sozinho
E que este é o trabalho que a alma realiza.

Algo insiste em mostrar a verdade
Se já não fosse parte de mim
Diria que é artifício de pura maldade
Continuar sentindo este cheiro de jasmim

Algo me fala bem baixinho
Me faz por dentro estremecer
E na ânsia de afeto e carinho
Lembro-me da gestação que preciso viver

Algo se renova dentro de mim
Finalmente sou um novo ser
Fora preciso um enorme motim
Para que este “algo” pudesse nascer

Algo acaricia minha face
Me abraça e me toma com ardor
Jamais sonhei com este desenlace
O doce nascimento do amor